sábado, 21 de junho de 2008

Os dias de hoje....

Como começar um texto?
Há tantas formas, mas algumas são mais notáveis que as outras, algumas fazem mais sentido num contexto onde estas nunca cumprirão totalmente o seu propósito?

Posso começar por referir que este se trata de um texto sobre uma música. Que adoro essa música. E que pode ou não ser tudo ficcional, tal como já devem ter entendido, a Alice não existe verdadeiramente, é apenas uma fachada para alguém que prefere este pseudónimo ou mesmo heterónimo - sim, se for como ontem, acho que realmente estou a começar a criar heterónimos, devido a momentos esquizofrénicos que têm havido, devido ao curso de Básica.

"
Olho lá para fora. Chove sem chover. Está sol, no entanto, é como se, para mim, chovesse. Porquê? Porque reparo cada vez mais na futilidade do que me rodeia.
Ouço um som vindo da TV do piso de cima:
«Aquecimento global continua a aumentar. As temperaturas no país também. Prevê-se secas em, no mínimo, três distritos. Outros quatro estão em alerta vermelho, por causa das elevadas temperaturas e ameaça de rarefacção da água. Recomenda-se uma protecção solar no mínimo de factor 40, e que não se desperdice água.»

É o noticiário na sua versão o mais barulhenta possível, para o poder ouvir, mesmo estando no rés-do-chão e o som vir do primeiro andar ou, se calhar, do segundo, agora que penso bem, os do segundo piso é que costumam pôr a televisão e os outros aparelhos sonoros com o volume alto.
Abstraio-me um pouco mais e observo mais uma vez o cenário exterior. Um dos meus vizinhos está a lavar o seu camião há mais de dez minutos, água sempre a correr, estrada encharcada por momentos, antes da mesma secar por causa dos quase quarenta graus que estão. Molha-se a ele mesmo, para abrandar o calor que sente na sua pele que mais parece a de um pimento vermelho. E viva os dois em um.... não é suficiente para ele estar a sujeitar-se a uma doença de pele grave, tal como também tem que gastar água desnecessariamente dia sim dia sim para dar banhos de meia hora ao seu carro. Sei que não sou o ser mais saudável do mundo - para mim ou para o mundo - mas tenho alguns cuidados. O de não deixar o lixo espalhado por aí, como posso ver no candeeiro à frente da minha janela, cujo lixo que o rodeia deixa um magnífico odor putrefacto, não me permitindo a abertura da janela do quarto. Não só não reciclam (e há um ecoponto a vinte metros, se tanto) como não se importam se o lixo deles vai incomodar os outros. E, mesmo assim, cá me aguento sem ligar ventoinhas - só o computador é que está ligado, e é por necessidade, pois estou a trabalhar num trabalho para entregar para a semana.
É esse o mal da sociedade, penso para mim mesma. Uma sociedade, hoje em dia, mais parece um conjunto de pessoas que, intencional ou não intencionalmente, vivem para degradar a vida do próximo e do local onde habitam.
Mais um parágrafo. Já acabei o meu trabalho. Tenho que o imprimir. Está imprimido. Folheio-o e no fim releio o seu título.
Os dias de hoje e a (possível) ausência do amanhã.
"


0 fantasias: