quarta-feira, 30 de julho de 2008

Bolonha

Sim, este já tão saturado tema outra vez. Mas desta vez, visto por uma pessoa que está nele e que recebe opiniões de muitas outras pessoas - de vários graus de ensino.


Digamos que, após o primeiro ano de faculdade, posso concluir que o Processo Bolonha não trouxe só desvantagens, mas, que as tem, tem.

Pelo menos, no meu curso - Educação Básica - o que têm tentado elaborar é um curso que nos dê formação para sermos educadores de infância ou professores do 1º ciclo de ensino básico ou professores do 2º ciclo do ensino básico, bem como para trabalharmos em contextos de educação não formais.

Tal até pode ser favorável, na medida em que nos dá uma formação mais ampla, mas também nos dá formação excessiva em áreas que, se calhar, não vão ser aquelas em que queremos e iremos trabalhar. Por exemplo, uma pessoa que antigamente estaria em educação de infância e agora esteja em básica, tem unidades curriculares para o nível do antigo curso da variante de matemática e ciências - cujas pessoas que o seguiam, geralmente, vinham de ciências e tecnologias -, tais como matemática para um nível mais complexo que os professores do 1º ciclo necessitam, nem falando dos educadores de infância.

Não estou a querer dizer que não é importante todos termos matemática, nada disso.
Apenas tento referir que, possivelmente, o melhor seria que, já que o curso tem tantas áreas diversas, o melhor poderia ser, num ano ter-se disciplinas mais "genéricas", noutro as de educação de infância e algumas de 1ºciclo, no último as de 1º ciclo e matemática e ciências, como se cada ano fosse especializado numa das áreas, o que não aconteceria com as unidades curriculares de "Iniciação à Prática Profissional", para permitir aos alunos estarem nas áreas onde pretendem exercer.


Outra opinião sobre Bolonha, é que, no fundo, o que pretendem é que não durmamos, satisfaçamos as necessidades fisiológicas e biológicas nem tenhamos vida própria.... ou seja, que não se faça nada mais para além de estudar e elaborar trabalhos e respectivas apresentações, pois as horas de trabalho autónomo não são lá muito realistas (um trabalho nunca demora apenas as duas horas semanais a ser elaborado, como muitas vezes se estima nem se demora - vá, adicionando as horas semanais todas - apenas um dia a estudar para uma frequência, muito menos tendo que elaborar trabalhos e as respectivas apresentações....).

Em média, daria cerca de dez horas por dia de aulas e trabalho autónomo, mas nós sabemos que há dias da semana em que não temos aulas e noutros em que, se temos seis horas de aulas, mais as oito ou nove horas a dormir e aproximadamente duas horas para nos prepararmos, deslocarmos, comermos, etc - 6+8+2=16, e ainda faltam lá as horas de trabalho autónomo/aulas que restam, que são quatro, 16+4=20, sobram-nos 4 horas, maaaaas, tal não se sucede, porque posso dizer que o meu horário era cheio de furos estúpidos, que mal dão para se aproveitar para trabalhar - pois são curtos (cerca de meia hora, uma hora em alturas estranhas, entre aulas) - e, para comer, muito longos. Eram quase tempos mortos.

Ou seja, cerca de uma hora diária seria para esses intervalos, e mais um pouquinho para os lanche, digamos meia hora, pois nos lanches também se vai tirar cópias e tais, 20+1,5=21,5 , o estudante tem, então, 24-21,5=2,5 horas, duas horas e meia para si mesmo. Agora, vejam que há pessoas que demoram uma hora ( ou mais) a chegar a casa.... lá se foram essas horas.

Vão dizer "trabalhem no fim-de-semana", e é o que fazemos, mas o fim-de-semana também tem desvantagens, pois há grupos que não se podem reunir nessas alturas, devido à distância que separa os seus membros, e todos temos o direito de estar com a família, suponho.


Também, outra coisa mal em Bolonha: demasiados trabalhos de grupo, onde os grupos até podem ser diferentes e muitas pessoas se "colam" a outras e tiram sempre boas notas por causa disso. Era fazerem orais sobre os trabalhos.... não me importava nada, tal como as pessoas que trabalham a sério no trabalho que elaboram....


Beijinhos da Alicia, perdão, Alice!

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