terça-feira, 24 de junho de 2008

Não ao silêncio

O texto que se segue é puramente ficcional, mas poderá acontecer na realidade

Cheguei. Antes não tivesse.
Começou a fazer-me perguntas, onde é que estava, porque me atrasei.
Olho para o relógio da cozinha, passam dez minutos da hora máxima para chegar. Atrasei-me. Deixa-me explicar, por favor.
Mas ela não quer explicações, nem me quer ouvir. Diz-me para soltar o cabelo.
Não, não quero soltar o cabelo, por favor, o cabelo não.
Ai, a minha cara. Não, não faças isso. Por favor, outra vez não. Eu solto o cabelo, mas não o faças terceira vez! Mas porque é que repetiste? Já soltei o cabelo....
Não te obedec-aaaaai. Não mo puxes, por favor.
Porque me estás a levar para o meu quarto. Não. Não ir para a beira da parede. Nãaaaaao, não me empurres contra a parede. Ai, nos braços também?
Não me queres ouvir a chorar? Eu páro, se parares, por favor.
Não gostas de chantagem? Mas não era chantagem. Por favor, pára.
Queres que eu diga isso tudo, eu digo.
Eu sei que não presto, que sou ma inútil e tudo mais, mas não me batas mais.
Oh não, não me tranques aqui, por favoooooooor.
Ontem foi porque saí muito cedo para as aulas, hoje porque me atrasei, anteontem porque estive a estudar. Porquê? Porquê?
Sou assim tão má, tão desprezível, que não consiga fazer nada certo?
Passou-se outra noite. Não dormi descansada, dormi de cansaço.
E é assim todas as semanas, todos os meses, desde há algum tempo.
Porque não fujo? Porque não sei como hei-de continuar a minha vida. Terei que desistir do local onde vivo, dos meus amigos e conhecidos, se calhar do meu nome. Tenho 21 anos, como é que isto ainda me pode estar a acontecer? Logo por ela, ela que diz aos amigos que me teve de dentro dela.
Porquê ela. Porquê?


Porque, ao contrário do que se pensa, há cada vez mais mães a maltratarem os filhos, tenham eles que idade tenham.

Caso conheçam algum caso, denunciem e ajudem a vítima a denunciar. Se fores uma das vítimas, estão neste site alguns contactos que te podem ajudar.

4 fantasias:

Cristiana disse...

Texto muito bom, mesmo!

Podia ser verdade, mas é apenas ficção... Para mim é ficção, para outros não digo que o seja.

Não conheço casos de violência explícita de uma autoridade paternal para com os seus filhos, mas conheço casos semelhantes...

Por exemplo, uma mãe que, ao invés de tratar da casa, da família e dos filhos, não fazia nada e deixava a sua filha mais velha encarregue de tudo o que lhe competia e não competia.

Horrível, mesmo. A pobre rapariga fazia-o por gosto, sim, tinha gosto em ajudar, mas as discussões também eram mais que muitas. Estudar? Só à noite, era uando tinha tempo.

Não terminou o Secundário. Saiu de casa. Mesmo assim, é melhor pessoa que a sua progenitora.

Caso verídico.

Cristiana disse...

Sim, sem álcool e sem fumos: sou asmática e não posso com bêbad@s (:

Tu tbm, espero; beijinho <3

Cristiana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cristiana disse...

Mesmo que quisesse beber... fico com dores de estômago ao 1º gole ;P